terça-feira, maio 28, 2002

MOTIVOS PARA AMAR CADA VEZ MAIS O LOBÃO:

O rock brasileiro dos anos 80 já nasceu órfão. Em junho de 1984, o compositor e jornalista Júlio Barroso, líder da Gang 90, morreu ao cair do décimo-primeiro andar do prédio em que morava, em São Paulo, em circunstâncias até hoje não esclarecidas. "A única certeza que eu tenho nesta história é que a ausência dele mudou para sempre o rumo da minha geração", diz Lobão, que tem em mãos um rico acervo inédito de Barroso, pronto para ser musicado.

"Ele era um incendiário, um cara à frente de sua época. Ao mesmo tempo, possuía o carisma e a liderança das grandes estrelas da música. Não tenho dúvida que o rock dos anos 80, que hoje me envergonho de um dia ter feito parte, seria menos mercantilista e tecnocrata se o Júlio superasse as suas angústias e sobrevivesse", afirma o parceiro de Barroso em "Noite e Dia".

Da sua geração, Lobão poupa apenas o Ira!, "um grupo que dá orgulho de ver", e Cazuza e Renato Russo pela ousadia poética. "O Herbert Vianna (dos Paralamas do Sucesso) sempre fez o jogo das gravadoras. A Blitz, com a entrada da Fernanda Abreu, virou a banda do carequinha. O Lulu Santos é, hoje, um cantor de churrascaria. Os Titãs 'acabaram'. Temos ainda de conviver com aberrações como Paulo Ricardo (líder do RPM), que até pouco tempo se camuflava de cantor romântico e agora está com barba por fazer, dizendo-se fã do Radiohead."

trecho da reportagem de Tom Cardoso, do Valor Online. Necessário senha.