sábado, junho 29, 2002

Foram os cinco minutos mais enriquecedores da minha vida.
Chegando da balada às 11 da matina, encostei no boteco aqui da esquina de casa, daqueles que você só entra pra comprar cigarros de vez em quando. Com a fome batendo forte, resolvo destruir duas coxinhas e uma coca.
Nesse interim vi coisas assustadoras e interessantes:

- Descobri que existe "ovo cozido empanado". Era como uma bola de sinuca crocante e atraente que ficava descansando ao lado da coxinha na vitrine.
- Um sujeito chega e pede pra bater uma vitamina de FANTA COM OVO. "Tenho que chegar forte à São Bernardo ainda hoje" foi a espécie de justificativa dada, mesmo sem ninguém ter perguntado.
- Enquanto outro pedia um "ovo bem passado e caprichado no pão" (sim, OVO de novo), uma gorda enorme, que provavelmente deveria estar apoiada sobre dois banquinhos, joga agressivamente toneladas de farinha sobre sua singela feijuca das 11 horas, entre uma garfada e outra, como uma forma de reposição do alimento dali retirado.
- Mesmo sem querer, ou ter condições de interagir com ninguém, fui informado pelo simpático pernambucano Raimundo que o juíz brasileiro prejudicou a Coréia no jogo de hoje, e que isso iria gerar uma vingança contra o Brasil na partida de amanhã. Ah, teorias conspiratórias! Adoro vocês.
- Vi ainda um idoso chegar apoiado em suas muletas e, tremendo sobre o balcão, terminar com os quatro pastéis de carne que ali murchavam quase sobre as coxinhas, que estavam ao lado do ovo cozido empanado, lembram?
- Recuso-me a descrever os pedaços de calabresa (meus bisavós calabreses devem estar se revirando no túmulo agora) que estavam em exposição, bem ao lado dos pastéis que estavam sobre... bem deixa quieto.

E tudo isso em apenas 5 minutos.
Qualquer pessoa deveria passar por essa experiência. Jornalistas, escritores, ou mesmo você não tendo nada pra fazer.
Vou voltar lá qualquer dia desses nesse mesmo horário e ficar pelo menos uma hora. E levarei um caderninho pra não perder nenhum momento. Aí eu posto tudo aquii pra vocês com exclusividade.
Acho que não. Aguardem a publicação de um livro.